sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morte de Saramago


Impossível não comentar e lamentar a morte de um dos maiores escritores da língua portuguesa. José Saramago, apesar de começar a escrever com uma idade um pouco avançada, conseguiu deixar um vasto acervo ilterário. Polêmico em sua oposição aos dogmas católicos e à postura conservadora dos portugueses, destacou-se na escrita da pós-modernidade. A maioria de suas obras tratam das relações entre ficção e história, ou melhor, na descrença da história. Em "História do cerco de Lisboa", poe exemplo, nota-se, essa discussão acerca das fronteiras tênues entre ficção e história. Um simples e personagem coadjuvante na construção do sistema literário, Raimundo Silva, resolve reescrever a história de Portugal inserindo um simples, mas retumbante "não". Este "não" significa para os leitores que os cruzados não participaram da campanha da reconquista de Lisboa. A negação acaba também por anular a própria construção de uma identidade nacional portuguesa, uma vez que descarta a participação dos cruzados para a vitória dos portugueses.
O ato de rebeldia do editor/revisor lhe coloca num patamar além da posição à sombra do autor. Há ainda uma reescrita da história oficial o que coloca tal obra no rol de obras alinhadas na pós-modernidade. Época de metaficção historiográfica, reescrituras, paródias, plágios, apropriações.
Saramago propõe tal reescrita, bem como se coaduna com tal ato de rebeldia ao ir contra o discurso dos dominadores. Essa sempre foi a sua intenção, daí a sua volta a Platão e a ideia de simulacro e simulação, aspecto muito corriqueiro em tempos de pós-modernidade. Espero que, pelo menos, ele esteja travando alguns diálogos com Platão onde quer que ele esteja.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Alice no país das Maravilhas e o universo onírico


Assisti ao filme "Alice no País das Maravilhas" no último fim de semana. Mais uma produção visionária do diretor Tim Burton com seu elenco habitué e a presença inédita de Anne Hathaway (é assim que se escreve?). Acredito que a atmosfera onírica, própria do surrealismo é muito bem caracterizada na obra, que não deixa a desejar na adaptação do romance de Lewis Carroll. A história que traz as lembranças dos sonhos de Alice na infância, são detonados no momento em que a personagem é confrontada por todos e precisa decidir quanto a um futuro casamento "arranjado". Eis a hora em que ela evade. Nessa fuga, acaba por cair no seu sonho de infância. Tal sonho parece revelar, numa espécie de jogo (diga-se de xadrez), que cada obstáculo podem mostrar a maturidade da personagem ao longo da história e de sua própria vida. O filme se aproveita de outra obra do autor, "Alice através do espelho", quando menciona o personagem Jabberwocky, daí uma intertextualidade visível na obra.A ideia de deformação presente, por exemplo, na caracterização da rainha vermelha, com sua cabeça exageradamente grande, também nos remete ao surrealismo. Depois de muitas aventuras, cenas em que a protagonista cresce demais ou encolhe, nos revela nessa espécie de universo paralelo uma Alice amadurecida, que volta para a realidade e toma decisões avançadas para uma mulher na época. Penso que a obra pode ser recomendada para faixas etárias a partir de 14 anos, uma vez que ela apresenta aspectos distantes do alcance das crianças.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ignorância e falta de amor ao próximo



05 de Abril de 2010 09:00 .
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O presidente Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro irá se reunir com o elenco do Santos nesta segunda-feira. O objetivo é convencer a ala evangélica do grupo a promover ações beneficentes em prol da instituição espírita Lar Mensageiros da Luz, para reparar o incidente da última quinta-feira - alguns jogadores se recusaram a entrar no local, que cuida de portadores de paralisia cerebral e outras deficiências, para participar da entrega de ovos de Páscoa.

"Alguns já me procuraram, entre eles o Ganso e o Neymar, dispostos a ir até lá. Farei uma preleção na segunda-feira para conversar com todos. A ideia inicial é que aqueles que pretendem se redimir doem os uniformes do jogo com o Sertãozinho para a instituição leiloar", disse, durante o programa Mesa Redonda, da TV Gazeta.

Ribeiro ainda contou o polêmico episódio em detalhes. Segundo o presidente, apenas o volante Roberto Brum havia se recusado a pisar em instituição espírita quando surgiu o convite. Quando chegaram no Lar Mensageiros da Luz, Robinho, Neymar, Paulo Henrique Ganso, André, Marquinhos, Léo e Fábio Costa preferiram permanecer no ônibus do clube.

"É interessantíssimo, pois todos sabiam aonde a gente ia. Eles tinham aplaudido a iniciativa, já que inicialmente apenas o Dorival Júnior e eu visitaríamos o lugar. O Roberto Brum, no seu direito, pediu licença para não ir e foi respeitado. Os outros mudaram de opinião quando chegaram ao recinto. Acho que eles cometeram um equívoco, cedendo a um impulso imediato. Alguém talvez tenha digo que não desse sorte", narrou o presidente, preferindo exaltar a tolerância religiosa de outros atletas.

"Onze jogadores nos acompanharam. Foi um gesto louvável de solidariedade humana no espírito da Páscoa. Eu visitei a instituição e vi cenas comoventes, de crianças que se expressam apenas com o olhar. Mas acontece. Ninguém é obrigado a fazer caridade. O que aconteceu foi um enorme mal-entendido", definiu.

Para o presidente, a juventude dos atletas do Santos é uma explicação para o incidente - apesar de muitos daqueles que não concordaram com o gesto filantrópico à casa espírita já sejam experientes. "Quando a gente ainda não passou por um processo de maturação, tendemos a tomar atitudes impensadas. Eles são meninos do bem, centrados e alegres, que estão começando na profissão agora. Foi um erro, que poderá ser reparado após o jogo com o Sertãozinho", reforçou Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro.


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Será que a atitude dos jogadores tem a ver com a questão da intolerância religiosa, algo realmente inexplicável num país de miseráveis, ou se deve ao fato de que muitos depois da "fama e do dinheiro" esquecem que um dia já foram pobres e agora só querem curtir os prazeres que esse dinheiro lhes proporcionou?

sexta-feira, 26 de março de 2010

Da série músicas sobre Maria

Da série homenagem às mulheres - agora na versão com mais de 30


Geralmente não aprecio muito as palavras de Jabor, já que muitas vezes ele peca quando fala das mulheres, mas aqui ele foi certeiro e verdadeiro.

"A medida que envelheço e convivo com outras, valorizo mais ainda as mulheres que estão acima dos 30.Elas não se importam com o que você pensa, mas se dispõem de coração se você tiver a intenção de conversar.Se ela não quer assistir ao jogo de futebol na tv, não fica à sua volta resmungando, pirraçando... vai fazer alguma coisa que queira fazer... E geralmente é alguma coisa bem mais interessante. Ela se conhece o suficiente para saber quem é, o que quer e quem quer.Elas definitivamente não ficam com quem não confiam. Mulheres se tornam psicanalistas quando envelhecem. Você nunca precisa confessar seus pecados... elas sempre sabem...Ficam lindas quando usam batom vermelho. O mesmo não acontece com mulheres mais jovens... Por que será, heim??Mulheres mais velhas são diretas e honestas. Elas te dirão na cara se você for um idiota, caso esteja agindo como um!Você nunca precisa se preocupar onde se encaixa na vida dela. Basta agir como homem e o resto deixe que ela faça...Sim, nós admiramos as mulheres com mais de 30 anos!Infelizmente isto não é recíproco, pois para cada mulher com mais de 30 anos, estonteante, bonita, bem apanhada, sexy, e bem resolvida, existe um homem com mais de 30, careca, pançudo em bermudões amarelos, bancando o bobo para uma garota de 19 anos...Senhoras, eu peço desculpas por eles: não sabem o que fazem!Para todos os homens que dizem: "Porque comprar a vaca, se você pode beber o leite de graça?", aqui está a novidade para vocês: hoje em dia 80% das mulheres são contra o casamento e sabem por quê? Porque "as mulheres perceberam que não vale a pena comprar um porco inteiro só para ter uma lingüiça!".Nada mais justo!Arnaldo Jabor"

segunda-feira, 15 de março de 2010

CQC


Até que enfim!!! As férias do CQC estavam muito longas, poderiam ter passado os melhores momentos no horário do BBB, grandissíssima bobagem importada, que serve apenas para mostrar o quão "fake" é a televisão brasileira. Infelizmente, em tempos de modernidade tardia, a simulação (ou simulacro) representada nesses programas nos passa uma falsa idéia de invasão e poder de manipulação sobre a vida (destino) alheia. Sem contar que é irritante ter que ouvir as cuspiradas sentimentais urdidas por Pedro Bial a cada momento que um participante, "bravo competidor", era (é) defenestrado pelo publico. Argh!!!Mas, voltando ao CQC, há que se ressaltar a sagacidade dos rapazes que têm como alvo de suas piadas cortantes os políticos brasileiros, bem como os próprios brasileiros. Ora, quem vota em tais políticos. Agora o CQC resolveu tratar um pouco das atitudes do povo que deveria mostrar cidadania e civilidade em atos corriqueiros, sempre esquecidos e suplantados pela eterna arte de "se dar bem", mas são flagrados em atos (ilícitos) comumente aceitos por nossa sociedade. Falar do CQC "dá muito pano para a manga". Fica aqui o desejo de que tal programa se espraie por todas as TVs, sobretudo em ano de eleição e copa do mundo.

domingo, 14 de março de 2010

Algo raro


100% de igualdade para que vocês tragam 100% das suas desigualdades.



As mulheres devem ser tratadas iguais aos homens. Mesmo após 100 anos isso ainda vem se corporificando, como uma alma fantasma, silenciosa, nebulosa, que ao invés de construção, desconstrói a partir de uma vagância que perambula comentários pejorativos e perniciosos.

Cupim na madeira: as risadinhas que correm aqui, as piadinhas sem nexo, os olhares enviesados, a dita falação do que pode e do que não pode. Em terra de homens quem fala grosso é vitalicio.

O garçom pergunta o que vou beber e delicadamente deixo que minha amiga escolha a embriagues dessa nossa noite. Ela bebe um chopp preto e eu um café com chantilly. O garçom deixa diante da minha pessoa o chopp preto e da minha amiga o café com chantilly, sorrimos um para o outro e trocamos nossas embriagueses.

É uma embriagues tratar pessoas com igualdade. No mínimo uma tontura presentear com vinho quem não bebe, chocolate para quem está de dieta, levar flores para quem tem alergia a pólen. O sentido da igualdade é o caminho da preguiça. O mundo moderno é preguiçoso. Manda emails e não se visita, joga futebol pelo vídeo game, lista de amigo secreto pela internet. Essa idéia patológica de emagrecer, tirou as calorias dos relacionamentos e os relacionamentos sem caloria não enxergam o que seria do amarelo se todo mundo gostasse do vermelho.

Desculpe-me as Simones de Beauvoir, as Marguerites Duras , aos eufemistas histéricos que desejam igualdade entre homens e mulheres, quando me parece que é para repetir o mesma cultura dos assassinos.

Não me lembro de mulheres terem mandado convocar soldados para o Vietnã, não me lembro de mulheres estarem a frente das maiores indústrias que poluíram o mundo, não me lembro das mulheres terem participado ativamente deste abismo que nos encontramos. Os assassinos gostam de confrarias, de despedidas de solteiros, de abusos sexuais, de infidelidade. Gostam de fazer o inferno e pedir mais tarde a benção dos seus pecados na igreja. E como o homem de hábito e aquele que ele representa também são masculinos, estão todos perdoados. Se é dessa igualdade que falamos, prefiro pensar em bandeira branca. Desejos suas desigualdades.

Salvem – nos com suas diferenças. Porque vocês tem peito e nós perdemos o nosso ao longo da história. Salvem-nos porque vocês sangram e o nosso está diluído no interesse e na vantagem. Salvem-nos com seu amor e paixão porque nós passamos a acreditar que o dinheiro pode mais que o sentir. Nenhuma mulher é igual a outra. É sábio reconhecer essas diferenças. Salvem-nos porque vocês engravidam e cada qual do seu jeito. Tem TPM e cada qual do seu jeito. Dizem que sim quando querem dizer que não, dizem que não quando querem dizer que sim, mas isso é de mulher para mulher. Gostam de sexo, mas cada qual do seu jeito. Passam batom e usam perfumes – umas. Outras só passam batom e não usam perfume. Ainda tem as que nem dão bola para essas coisas. Mas cada qual do seu jeito.

Nós homens sonhamos apenas quando a luz se apaga. Salvem-nos, só as suas diferenças talvez possam nos fazer ver o mundo novamente como meninos. Em algum lugar desse mundo alguém denominou o inicio, o começo, o princípio, com nome de mulher – Aurora.

Sander Machado
http://ileumacasadeideias.blogspot.com/